sexta-feira, 27 de julho de 2007

O Sangue dos Outros

"E aquela voz de fogo, aquela voz sem vida, o ar opaco existiam desde o despertar dos tempos por toda a eternidade. Hélène tinha-se tornado eterna; o sangue secara em suas veias; estava ali sem recordações, sem desejos, para sempre.

As pessoas haviam perdido pelas estradas os seus automóveis, seus armários, seus cães, seus filhos;
ELA HAVIA PERDIDO A SI MESMA."

"Ela abriu os olhos; ele a tomou nos braços. Aqueles olhos abertos que já não enxergavam mais! Algo permanece que ainda não está ausente de si mesmo mas sim ausente da terra, ausente de mim. Ela respira ainda uma vez - seus olhos se embaçam - o mundo se desprende dela, desmorona-se; ela, contudo, não desliza para fora do mundo; é no seio do mundo que ela se torna esta morta que tenho nos meus braços.
Rosto amado, corpo amado. Era sua testa, eram meus lábios. Você me deixou mas eu ainda posso amar a sua AUSÊNCIA."

- O sangue dos outros - Simone de Beauvoir

3 comentários:

Anônimo disse...

nossa... que lindo!

Berenice Mercúrio disse...

que lindo =}

Rosa Maria disse...

é, lindo!
ela já havia lido pra mim o segundo trecho!